sábado, 27 de outubro de 2007

Amesterdão

Diz que isto do Erasmus é para passear e que estar na Bélgica é muito central e quê, e como diz que sim o pessoal acredita e assim se mete no comboio em direcção à vizinha Holanda.

Desde já o agradecimento ao Ricardo (outra das pessoas da minha faculdade que só conheci em Erasmus) por nos ter dado guarida e mostrado a cidade. O pessoal agradece, e a carbonara tava cinco estrelas ;)

Amesterdão é uma cidade que começo a integrar no padrão Bene (ao Luxemburgo ainda não fui por isso não sei se dá para ser lux): um canal, muitas bicicletas, pessoas não simpáticas, não tanto frio como parece, muito bonita mesmo. A arquitectura e organização é muito semelhante aqui a Gent, quase me senti em casa. Capital da liberdade allez, sensação brutal é ir a andar na rua e de repente um dos guias diz "E pronto, cá está" e há putas na montra. Nunca me esquecerei daquela primeira asiáticazinha que me desvirgindou a vista no Red Light District, nem tão pouco das restantes trinta e algumas asiáticazinhas que se seguiram, nem das louras, nem das velhas, etc etc.

É bem verdade o que dizem, capital indiscutível da liberdade, por todas as straats e pleins (para os não dutch speakers ruas e praças) se sente que não há preconceito, não há julgamentos, não há olhares de lado. Das maiores salganhadas étnicas de sempre, andar por Amesterdão é daquelas coisas que toda a gente devia experimentar uma vez na vida. Muito bom mesmo. Para mim o melhor exemplo foi o bar de rock a que fomos à noite, cujo segurança mede dois metros de altura, meio metro de grossura em cada braço tapado de tatuagens e cujo colete de motard serviria de cobertor a uma pequena criança ser a pessoa mais simpática que me lembro de ter conhecido nos últimos tempos. Além disso tinha uma Harley Davidson brutal a qual não resisti fotografar.

A Harley do segurança (ou pelo menos o depósito da dita cuja)
Em todo o lado há algo para ver, um pormenor a reter, um sorriso a esboçar. Eis senão quando no meio de uma praça se encontrar um espectáculo de improviso, uma banda, música, b-boyz a representar.
Culturalmente riquíssima, há duas coisas a distuinguir: a casa de Anne Frank e o museu Van Gogh (que se note que foram as duas únicas coisas culturais que vi, mas enfim).

Anne Frank
Quanto à Anne Frank há pouco a dizer, pisar o mesmo chão que aquelas pessoas, passar a mão nas mesmas paredes, nas mesmas estantes, ouvir os relatos, os testemunhos, toda a envolvente possível e imaginária, vale mais do que a pena. Mais uma das coisas que toda a gente devia fazer um dia.

Van Gogh
Vale mesmo muito a pena! Um museu brutal, moderno, bem organizado, com obras lindas. Toda a história de um génio incompreendido, que viveu e morreu na amargura de nunca conseguir vender a sua obra, sem nunca saber que a sua obra já passou a ser ouevre, estudada por muitos e admirada por todos.
Contemporâneos, inspirações, amigos, família, tudo o que moveu Van Gogh na sua vida, e move agora outros na sua morte está à mão de semear em quatro fantásticos andares. Os €10 melhor gastos de há muito.
Como curiosidade fica o facto de as minhas duas obras preferidas no museu não serem de Van Gogh, mas de Lhermitte – logo no "rés-do-chão", um quadro enorme que retrata uma paisagem campestre e os trabalhadores soturnos, atarefados, fortes; e de Mauve – uma das maiores inspirações para Van Gogh, professor de muitas lições, que simplesmente pintou um pastor e um rebanho, mas de uma forma que nunca tinha visto antes: parecia que quase consegui sentir a chuva a cair-me em cima, e nem sequer sei se no quadro estava a chover.



Não há que ter medo de admitir, e assim sendo lá fomos nós tirar a bela foto turista…


O space cake
Da mesma maneira, lá quisemos nós ir experimentar dessa liberdade que se vive em Amesterdão e encaminhámo-nos para uma coffee shop para a modos que experimentar um “bolinho”. Lá pedimos o space cake e qual não foi o nosso espanto quando nos puseram à frente um quequezito piqueno que talvez tirasse a fome a uma criança pequena, porque a mim não tirou. Pedimos outro, largámos 12 euros, e lá nos sentámos e preparámos para a prova. Primeiro que tudo: ler as instruções. Nunca tinha visto comida com manual de utilização, mas também nunca tinha estado em Amesterdão, por isso não me queixei e lá fui lendo. Na verdade as instruções eram mais uma forma de desresponsabilização do estabelecimento em relação aos efeitos que o consumo do produto pudesse ter sobre nós, do género “se a coisa correr mal a culpa não é nossa…”. Após o aviso das possíveis alucinações blá blá, que utilizadores inexperientes não devem consumir blá blá, lá comemos a treta dos bolos. Tem de se esperar cerca de duas horas até se ver qualquer efeito, mas ao que parece 0,4 gramas de haxixe por quatro pessoas não faz grande coisa. Enfim, ficou a experiência.






E eis que chega o momento do regresso…

Na Central Station inquirimos sobre o horário do último comboio a partir com direcção a Antuérpia. Com as decisões tomadas, a Noelma e a Sofia ficaram e eu e a Marta quisemos vir dormir a casa… má ideia!!!
O último comboio partia às 21h30m para Antuérpia. O senhor da estação diz-nos que não há ligação directa de Antuérpia para Gent. Pensei eu que se ia a Bruxelas e sem grande problema se apanhava um comboio para Gent Sint Pieters Station… mal pensado!!!
Íamos no comboio a rir e a aparvalhar, interrogando-nos se eram efeitos do “bolinho” ou se era só a parvoíce do costume quando chega o revisor e nos pede os nossos bilhetes. De Amesterdão para Essen (a estação belga mais perto da fronteira) e depois de Go Pass até Gent SP. Tudo conferido e picado diz-nos o revisor que era impossível fazer aquela viagem ainda naquele dia. O comboio que sai de Antuérpia em direcção a Bruxelas que nos permite apanhar o último comboio de Bruxelas para Gent sai antes de nós chegarmos a Antuérpia. Talvez se o comboio se adiantasse, o que acontecia, por vezes e nos despachássemos e corrêssemos que nem uns cavalos fosse possível. Sbem!!! Agente vai já começar o aquecimento para não falhar nada na hora da corrida J.
Após algum nervosismo e planeamento das possíveis hipóteses a tomar (e de duas horas de viagem) chegamos a Antuérpia. Começamos a correr, pergunto a um senhor qual é a linha do comboio para Bruxelas e ele lá me diz o número, mas acrescenta que não é preciso ter pressa porque o comboio era só daí a uma hora… Sbem!!!
Começa o dilema: ficar em Antuérpia ou ir para Bruxelas? Para Gent era impossível – não havia comboios, não havia autocarros, podíamos sempre pagar 90 euros por um táxi… Em Antuérpia havia hotéis, havia talvez hostels, era sempre possível passar lá a noite. Em Bruxelas as opções eram as mesmas, acrescendo a de ficar acordados até o primeiro comboio para Gent passar. Após quase uma hora de avanços e recuos, lá nos metemos no comboio para Bruxelas, destino ao qual chegámos lá para a uma e meia da manhã… faltavam quatro horas e pouco para o primeiro comboio.

Primeiro, há que referir que Bruxelas á noite não é um sítio convidativo. A cada esquina, em cada rua, há medo. Tudo deserto, vazio, assustador. Eis senão quando se confirmam os nosso receios, pois aparece uma personagem a que escolhi chamar AfricaniBoyz (já vão perceber porquê). Ora o AfricaniBoyz, do outro lado da rua vira-se para mim e estrabucha qualquer coisa em francês. E digo-lhe eu que don’t speak french. E então ele pergunta “Can I have you?” e é mais ao menos nesta altura da história que borro a roupa interior. Talvez seja uma boa altura para descrever o AfricaniBoyz. Como podem imaginar pelo nome, é preto. Acho que tinha chapéu, mas partes do cabelo enrastado saltam aqui e ali à luz do luar (na verdade eram candeeiros), tem um olhar vidrado e distante, e está claramente tripado. Pois começa ele a contar que there’s dangerous people em Bruxelas, que ele vem de África, que é black, que é um AfricaniBoyz (ele disse literalmente isto – pode não ter sido com “z”, mas foi o que ele disse). Ora tentando esquecer que é de noite, que tou com as malas às costas, que a Marta me esmaga a mão tal é a força com que a aperta, que tou cansado, que perdi a merda do comboio e vou ter de gramar mais 4 horas em Bruxelas, eis que o AfricanyBoyz decide alegrar-me o dia dizendo “(…) you must be careful for youself and for sheself”. Esta é a altura em pela segunda vez na história borro a roupa interior (e tenho quase a certeza que fenómeno semelhante terá ocorrido com a Marta. Ele finalmente lá basa após ter manifestado “prestavelmente” a sua vontade de nos arranjar fosse o que fosse que se relacionasse com alojamento, estadia, ou qualquer outra coisa.

Lá entramos num bar, desesperados para comer qualquer coisa e descansar, mas afinal parece que não, já não havia comida, e de qualquer forma estava quase a fechar. Onde podemos ir então? The guy did as a sketch which we opted to call “plan”. Lá seguimos aquilo, e depois de obviamente nos termos perdido, apeteceu-nos ir à direita e chegámos a um sítio. Estava um monhé a arrumar cadeiras, e quando o inquiri acerca de um sítio para comer tipo uma sanduíche ele achou por bem que comêssemos logo ali e perguntou se eu sabia o que era um croque monsieur. Eu disse que não e por isso ele disse que podíamos entrar (tenho uma forte convicção que todas as pessoas que saibam o que é um croque monsieur são barradas à entrada daquele sítio). Sentamo-nos esperando que ali possmos passar algum tempo e eis que o garçon nos explica que um croque monsieur é um coisa elaboradíssima que consiste de pão, com queijo e fiambre, mas que vai a grelhar… é uma tosta mista. Mas como já é monsieur fica diferente e passa a custar 5,50 €. Comemos, mais vagarosamente possível, paar ver se espremíamos a estadia o máximo possível, mas o garçon lá disse que queria fechar e deu-nos a conta.

Pergunto-lhe eu onde podíamos esperar pela abertura da estação de comboios, um bar ou assim e sou encaminhado para um bar ou assim. Entrámos, sentámos, vegetámos. Um cházinho, conversas sobre os pais, muito sono! O bar fecha, vamos em direcção a Brussels Central. Já abriu, vemos os horários, comboio às 5h49m para Gent. Esperámos, comboiámos, pedalámos, chegámos, dormimos.


Mais um incidente a contibuir para a minha enorme reputação de azarado com os comboios.


Eu com cara de quem não tem comboio para Gent e vai anhá-las em Bruxelas

A Marta com cara de quem não tem comboio para Gent e vai anhá-las em Bruxelas


Croque Monsieur

A ementa da noite (no único bar aberto em Bruxelas até má horas da noite)


Uma noite que não foi assim tão má (a companhia era boa)

O próximo destino é Antuérpia...

6 comentários:

Cláudio disse...

mas que grande aventura! quase só comparável à daqueles 2 individuos bastante parvos que se meteram numa bike e se lembraram de cruzar toda a holanda.. curiosamente tb começou em amesterdão a historia.. curioso.

ah, em relacao ao space cake: been there, done that. tb fui rafado qd tive la a 1a vez. Ag descobrimos q as verdadeiras coffe shops sao as mais feias, na periferia, e q valem mais bem a pena, pq alem da droguinha se conhecem as pessoas mais estranhas que possas imaginar (o post sobre esse fim-de-semana esta pra breve)

abraço,
Claudio

k disse...

ja percebi pq ficas insupurtavel no msn...! queria só dizer-te q este é o post mais giro q li. primeira parte absolutely exquisite, e segunda parte hilariante! adorei!! YOU GO BOY!! bjs e ate breve espero*** kuka

Anónimo disse...

Tigas, sê lá sincero, com quantas putas (ou window-girls, se preferires) estiveste?

Anónimo disse...

Da minha carbonara não dizes tu bem!Não mereces nada pah!
Tive a oportunidade de experenciar essa tua "sorte" com os transportes.Devo dizer que foi muito bom.Podes continuar! (quem quiser perder dinheiro pode acompanhar o Tiago =P)

**Dani**

PS-Temos umas aulinhas pendentes!!Espero q tenhas aprendido alguma coisa por terras holandesas ;)

JP disse...

É engraçado, mas eu achava que a foto até transmite o efeito do bolinho!

Anónimo disse...

viva os comboios! por isso é que toda a gente devia fazer interrail é smp assim uma aventura constante! devias ir a africa os pretos não são todos maus. Maricas! lol bjs e aquele abraço
ruben